Terça-feira, 11 de Maio de 2010
Descoberto novo tratamento para artrite reumatóide
Uma equipa de investigadores do Instituto de Medicina Molecular (IMM)
descobriu uma nova forma de tratamento de artrite reumatóide, através da
utilização de um anticorpo que previne o aparecimento ou impede a
progressão da doença, foi hoje anunciado.
Fonte do IMM disse à Lusa que o estudo foi feito com ratinhos, mas
sublinhou que os resultados "são relevantes e promissores" para o
tratamento da artrite reumatóide humana.
"Os ratinhos desenvolvem artrite reumatóide de uma forma muito semelhante
à do homem", explicou.
Os autores do estudo concluíram que o tratamento com o anticorpo anti-CD4
não só previne o aparecimento de artrite em ratinhos saudáveis, como
impede a progressão da doença em ratinhos já doentes.
Os resultados do estudo mostraram que a administração do anticorpo
anti-CD4 alterava o equilíbrio entre dois tipos de células do sistema
imunitário, favorecendo a imunotolerância, ou seja, dificultando o
desenvolvimento de doenças auto-imunes, como a artrite reumatóide.
O estudo mostrou ainda que este efeito não compromete a capacidade do
sistema imunitário do ratinho reagir, simultaneamente, contra agentes
inflamatórios/infecciosos externos.
"Esta não é a primeira vez que se usam anticorpos deste tipo como terapia
para doenças auto-imunes, mas os resultados têm sido modestos. Daí a
relevância de mostrar que esta terapia pode ser eficaz na prevenção de um
modelo animal de artrite reumatóide", defende Luís Graça, investigador do
IMM que liderou o estudo.
Este estudo acaba de ser publicado na "PLoS ONE", uma revista científica
de acesso aberto, disponível apenas online e publicada pela Public Library
of Science.
A artrite reumatóide é uma doença auto-imune crónica, caracterizada pela
inflamação/destruição das articulações, que provoca incapacidade
progressiva do doente e está associada a mortalidade prematura.
Uma combinação de causas genéticas e ambientais contribui para o
aparecimento da artrite reumatóide, que, a nível biológico, se caracteriza
por uma resposta imunitária complexa envolvendo uma série de células
diferentes, incluindo vários tipos de glóbulos brancos.
O IMM faz parte do Centro Académico de Medicina de Lisboa, um consórcio
que integra ainda a Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa e o
Hospital de Santa Maria.
Este consórcio pretende desenvolver uma perspectiva integrada da medicina,
fomentando a investigação biomédica transversal, desde a bancada dos
laboratórios académicos até à prática clínica.
O IMM tem o estatuto de Laboratório Associado ao Ministério da Ciência, da
Tecnologia e Ensino Superior.