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Cientistas evitam artrite reumatóide em ratinhos 24/05/210

Os cientistas do Instituto de Medicina Molecular aplicaram um anticorpo que conseguiu evitar uma doença crónica semelhante à artrite reumatóide humana em ratinhos saudáveis e que travou os sintomas nos ratinhos que já se encontravam doentes.
Este anticorpo já tinha sido utilizado em humanos para combater a doença, mas por ser demasiado diferente dos que são produzidos pelo nosso organismo, causava uma reacção imunitária muito forte.
Desta vez foi alterada uma parte importante da molécula do anticorpo e a resposta imunitária já não foi significativa. Pensa-se que esta nova tecnologia possa vir a ser novamente utilizada em humanos, mas desta vez, com resultados satisfatórios.
«Os ratinhos desenvolvem artrite reumatóide de uma forma muito semelhante
à do homem», explicou.
Os autores do estudo concluíram que o tratamento com o anticorpo anti-CD4
não só previne o aparecimento de artrite em ratinhos saudáveis, como
impede a progressão da doença em ratinhos já doentes.
Os resultados do estudo mostraram que a administração do anticorpo anti-CD4 alterava o equilíbrio entre dois tipos de células do sistema imunitário, favorecendo a imunotolerância, ou seja, dificultando o desenvolvimento de doenças auto-imunes, como a artrite reumatóide.
O estudo mostrou ainda que este efeito não compromete a capacidade do
sistema imunitário do ratinho reagir, simultaneamente, contra agentes
inflamatórios/infecciosos externos.
«Esta não é a primeira vez que se usam anticorpos deste tipo como terapia
para doenças auto-imunes, mas os resultados têm sido modestos. Daí a
relevância de mostrar que esta terapia pode ser eficaz na prevenção de um
modelo animal de artrite reumatóide», defende Luís Graça, investigador do
IMM que liderou o estudo.
Este estudo acaba de ser publicado na PLoS ONE, uma revista científica de
acesso aberto, disponível apenas online e publicada pela Public Library of Science.
A artrite reumatóide é uma doença autoimune crónica, caracterizada pela
inflamação/destruição das articulações, que provoca incapacidade progressiva do doente e está associada a mortalidade prematura.
Uma combinação de causas genéticas e ambientais contribui para o aparecimento da artrite reumatóide, que, a nível biológico, se caracteriza por uma resposta imunitária complexa envolvendo uma série de células diferentes, incluindo vários tipos de glóbulos brancos.
O IMM faz parte do Centro Académico de Medicina de Lisboa, um consórcio
que integra ainda a Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa e o
Hospital de Santa Maria.
Este consórcio pretende desenvolver uma perspectiva integrada da medicina, fomentando a investigação biomédica transversal, desde a bancada dos laboratórios académicos até à prática clínica.
O IMM tem o estatuto de Laboratório Associado ao Ministério da Ciência,
da Tecnologia e Ensino Superior.